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terça-feira, 17 de novembro de 2009

 
O meu intuito nesse post era trazer uma recomendação de um filme que assistí antes de ontem. Mas por motivos "discussionais", o assunto acabou se estendendo e englobou o cinema brasileiro como um todo.

Explicando melhor: Domingo, nada pra fazer, resolví assistir a um filme que estava de bobeira na estante. Chamava-se " A mulher invisível". Coloquei no DVD, deitei no sofá, dei muita risada e achei o filme excelente. Estava vindo colocar uma resenha sobre ele aqui no blog, e enquanto escrevia o post, comecei a perguntar no messenger se alguns amigos já o tinham assistido. Ninguém. E o último ainda acrescentou que não se interessou porque era nacional, e filmes nacionais não o agradavam.

"Gosto muito de filme nacional não." Eu já escutei essa frase tantas vezes, que pra falar a verdade já pensava um pouquinho mais se valia a pena levar aquele filme brasileiro pra casa ou não. Legal mesmo é filme estrangeiro, filme de Hollywood, francês... Mas os americanos é que produzem muito. A gente vai ouvindo e por vezes aprendendo a concordar. Talvez aprendendo por parte da mídia também né? já que o "auge" de um ator, é quando ele é convidado a participar de produções internacionais.

"Agora eu vou pra Califórnia..." Rodrigo Santoro que o diga. Foi um auê danado aqui no país por causa do "mudinho" interpretado por ele em "As Panteras". Quem não lembra? Eu acho que ele foi muito melhor como Lady Di em Carandiru.

Sei que o investimento em produções cinematográficas americanas são bem maiores que os brasileiros, mas você já percebeu o quanto filmes estrangeiros demoram pra sair de cartaz? Antes mesmo de acabarem as férias de julho deste ano, Harry Potter e A Era do Gelo 3 permaneceram umas três semanas para serem exibidos nas salas de cinema.

Talvez falte a valorização pelas próprias empresas do ramo, que preocupadas em vender bilhete, não lembram do incentivo ao produto nacional (até existe uma lei de incentivo á cultura, mas que precisa e deve sofrer mudanças, pois na prática só vale pra filmes como o da xuxa, por exemplo).

Puro egoísmo, pura ambição. Não acho que Zac Efron e seu High School Musical melhor que Nanini e Lisbela e o Prisioneiro. Nem a própria Mulher Invisível perde para "A proposta" ou "Eu odeio o dia dos namorados" (comédias românticas estrangeiras exibidas em 2009 nas telonas). Aliás, até o rótulo comédia romântica soa pesado para o filme, já que antes de dar um finalzinho fofo para os protagonistas, ele preocupa-se em ser engraçado, utilizar situações do cotidiano, e dessa forma aproximar-se mais do "humano". (sem fazer você pensar o tempo inteiro: ai, isso só em filme...) Até mesmo a paixão platônica de Pedro é compreensível. Lógico que a parte em que ele começa a conviver e interagir com a mulher idealizada é um caso a parte. E falando em Pedro, parabéns pra bela atuação do Selton Mello, que consegue alternar momentos em que é digno de pena e piada. Claro que não me surpreendeu. Já tinha comprovado esse talento pro humor desde O auto da compadecida.

A mulher invisível, Se eu fosse você, Carandiru, Divã, Cidade de Deus, Lisbela e o Prisioneiro, Zuzu Angel, Tropa de Elite, Ensaio sobre a cegueira, O homem que desafiou o diabo, Central do Brasil...
A lista é maior, é óbvio que não dá pra lembrar de (quase) todos, talvez por que alguns não tiveram condições de divulgação ou sequer entraram em cartaz...

Acredito sim. que temos profissionais capazes de produzir filmes de qualidade, além de um país lindo como cenário. Precisamos agora é de investimento. E claro, parar de olhar constantemente para fora, e começar a olhar pra dentro.



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

" O pop não poupa ninguém..."




No dia 25 de junho de 2009 vinha surgindo o mais novo assunto de exploração sem limites por parte da mídia: a morte do artista Michael Jackson. Digo isso por que lembro que  na mesma noite de seu falecimento já se especulava sem parar quais teriam sido os possíveis motivos de sua morte (suicídio, homicídio ou jogada de marketing). Dois dias depois, quando caminhava de manhã pelo centro de Recife, me deparei com uma situação engraçada: todos os carrinhos de som que ví pela frente, sem exceção, tocavam e vendiam "Michael Jackson em memória", isso mesmo, nada de axé, swingueira ou forró elétrico, que é o que a gente escuta quando um desses carrinhos passam, e isso apenas com dois dias da notícia espalhada!
Não só os camelôs tiraram proveito, mas também as lojas que tinham artigos ligados a Michael, como CDs, DVDs, camisetas, canecas, chaveiros... Tudo o que pudesse ser vendido, assim foi. E a massa correspondeu, nunca se consumiu tanto e em tão pouco tempo produtos vinculados a Michael Jackson.
É curioso como precisam acontecer coisas assim para que a imprensa venha desmentir toda a especulação comtida por ela mesma, já que o que era passado para mim e milhões de expectadores é que o artista era no mínimo um perturbado. Apontado como possível estuprador, além de tudo pedófilo, homossexual e pai irresponsável (como denunciava o episódio do ainda bebê Prince Michael II pendurado na janela),homem esquisito, ou também rei das plásticas e mudanças. Só que de rei das plásticas virou rei do pop.
Rapidamente se fuçou e se mostrou como num espetáculo toda a vida e trajetória do astro, e se chegou a conclusão de que era tudo culpa do pai, que o maltratava muito (sim, por que alguém vai levar a culpa né?). Através dessa exploração e bombardeamento de notícias, conseguiu-se fazer com que crianças e adolescentes virassem fanáticos por um artista que há seis meses atrás eles nem sabiam que existia! Me dei conta disso quando uma amiga entrou no MSN com a frase " LUTO - Michael estará eterno em meu coração", e quando minha irmã chegou da escola dizendo o quanto tivera uma tarde emocionante: ela e os coleguinhas choraram vendo o DVD de um show de Michael Jackson, como as conheço, sei que as duas só se deram conta dessa "perda" após acompanharem o que era mostrado pela imprensa.
O pior é que não satisfeitos em ter esmiuçado apenas a vida do artista, esse "pente fino" passou para os filhos. O resultado é que crianças que só saiam de casa com o rosto coberto para não ser identificadas, tiveram suas fotos estampadas em revistas, jornais e sites, além de uma confirmação de não serem filhas biológicas do pai que as criou.
O velório, realizado com pouco mais de dois meses de antecedência do seu enterro, que geralmente é conhecido como uma cerimônia íntima e triste onde só a família está presente, foi transformando num evento disputadíssimo, com direito a roupas de gala, dicursos, inúmeros convidados, entre eles cantores e artistas, além da filha, que tentando segurar o choro foi posta pra falar o quanto o pai era bondoso. E nem preciso dizer que isso foi transmitido para o mundo todo.
E tudo feito incansavelmente, sem a menor preocupação em não ser enfadonho para quem está em casa acompanhando, apenas com o intuito de tirar vantagem, vender notícia, ou como diria um trecho da música que empresta título a esse texto: "Qualquer coisa quase nova, qualquer coisa que se mova é um alvo e ninguém tá salvo..." até por que essa não é a primeira e está longe de ser a última vez que casos trágicos são explorados de tal forma.
Foi assim com Isabella Nardoni (além de alugarem quartos próximos ao prédio em que ocorreu o acidente para que curiosos vissem melhor o local, não se teve respeito com a mãe da menina, já que entrevista com ela era bastante disputada), Elloá (se mostrava o tempo todo o cativeiro mas ninguém conseguiu evitar o pior, além dos holofotes em cima da amiga que recém- saída do hospital, tudo exagerado) e agora, parece que finalmente está chegando ao fim o interesse constante em se falar de Michael Jackson, até por que agora não restou mais um pedaço sequer de sua vida que não tenha ganho um zoom da mídia.
Agora é torcer, para que elas resolvam investir o tempo em outro assunto (de preferência mais sério) para que nós. e principalmente Michael, tenhámos o merecido descanso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Maceió: alguns motivos para você odiar ou amar.



- Shows: os mais esperados do ano são os de axé, pagode, forró ou swingueira (e seus derivados: samba, swinga e requebra Maceió). Se você curte MPB, Rock (digo o nacional, por que internacional é sonhar um pouco demais, hehe) ou mesmo o Funk, vai ter de se conformar e ouvir em mp3, pois são bem escassos por aqui. P.S. : A galera do reggae 'vezenquando' movimenta a cidade.

- Filmes: Nem se fala, é raro um realmente interessante estar em cartaz nas salas de cinema mais conhecidas (shoppings), a não ser que você curta desenho animado (a era do gelo 3, por exemplo) ou filmes em série (como homem aranha, harry potter e x-man). Pra quem quer ver algo mais interessante, a saída é o Cine Sesi, ou baixar da internet, embora demore um pouco mais, pq internet é outra coisa complicada por aqui.

- Livros: Livrarias também são poucas. Didático dá até pra encontrar rodando um pouco. Caso falte algum, da pra fazer pedido na editora, mas se forem para sua leitura, siga o meu conselho e evite o stress, só saia de casa se não tiver computador e for direto para uma lan-house: peça seus livros pelo correio!

- Transporte Público: Tudo normal dentro da anormalidade de sempre. Ônibus pichados, carregando mais gente que a capacidade suportada, o que obriga as pessoas a se espremerem la dentro até chegar a seus destinos, além da demora que existe em alguns locais. Em suma, há uma necessidade explícita acima de mais transportes.

- Faculdades: As particulares são muitas e continuam multiplicando-se. Há, pelo menos, um curso de direito em cada bairro. Para quem faz uma Federal, a alegria ao passar é tão intensa quanto a de sair. Afinal, depois de alguns anos enfrentando um ônibus nas condições citadas acima e estudando em blocos que em sua maioria não possuem estrutura / professores / equipamentos / projetos, não há masoquista que aguente.
- Hospitais: Na rede pública a fila está tão grande que já existem cirurgias marcadas para 2010. Traduzindo, tenha plano de saúde, e não raro você ainda estará reclamando dos serviços.

- Shopping as sextas: é definitivamente o dia em que jovens de 12 a 18 anos resolvem ir ao Iguatemi. Caso você já tenha passado dessa idade ou não goste de barulho é uma boa evitar o segundo piso. Isso por que eles não vão lá pra ir ao cinema, olhar as lojas ou sentar pra bater papo, simplesmente se espalham de um extremo ao outro, falando alto, dificultando a passagem, e até arrumando confusão.

- Centro: Falando em shopping, tinha que falar no centro. Conhecido como o local mais popular para fazer compras, onde os preços são mais acessíveis, o centro as vezes é caótico. Muita sujeira, reformas que demoram pra acabar, que por vezes dificultam e reduzem o espaço pra se locomover, além das lojas antigas que vão fechando e sendo pichadas. Sem esquecer, claro, dos estacionamentos improvisados em galpões abandonados, cujos donos sempre acham que cabem mais carros que o espaço real.

E pra não dizer que não falei das flores...

- Paisagens: Mesmo com o descaso de alguns governantes que passam, Maceió continua linda, cheia de pontos para se contemplar, parece ser esculpida entre coqueiros, mangue, praias, cuja cor do mar ora está verde, ora azul, além do sol, que os acompanha quase o ano inteiro.

- Pessoas: Apesar de uma parcela que resolveu entrar na política e se corromper, aqui ainda é terra de gente simples, honesta, trabalhadora e hospitaleira. 

- Eu até queria pôr o futebol aqui no meio. Mas observando nossos rivais CSA e CRB, percebi que eles não andam lá muito bem das pernas, então prefiro não comentar. A não ser parabenizar o ASA, cria aqui de perto, Arapiraca, pela entrada na série B.

- Gastronomia: O cardápio é tão variado quanto saboroso. É o acarajé tão bom quanto o da Bahia, a tapioca, os frutos do mar, mariscos, moluscos e lagostas, as tradicionais peixadas com pirão regadas com pimenta e leite de coco, o churrasquinho, a carne de sol, cuscuz de milho, canjica e pamonha, além das frutas, que em maioria são transformadas em sucos, sorvetes e doces. Também batidas, coquetéis e claro, a água de coco, doce e geladinha.

- Artesanato: Os artesãos locais fazem trabalhos muito bonitos, embora pouco recompensados. Seja transformando simples pedaços de pano em peças únicas, com bordados, ponto cruz, filé, entre outros. Além da arte em madeira, com conchinhas do mar, e tudo o mais o que a criatividade permitir. Vale acrescentar que não só os artesãos, mas os artistas plásticos, poetas e escritores, pois cada um, a sua maneira, traz uma contribuição para a cidade. Aqui, sem dúvida, é terra de gente que tem talento, mas que precisa ter mais incentivo para mostrá-la.

- Contadores de história: Quem nunca ouviu a história da galega do banheiro? ou da fulôsinha? da butija da meia-noite e até mesmo da mulher da capa preta? aquela que ganhou uma homenagem num cemitério, tendo uma capa sido construida em cima de um túmulo. Pois é, não sei se deu pra perceber, mas por aqui não falta quem as conte, cada um com sua maneira de acrescentar detalhes, traços e formas, fazendo assim com que elas perpetuem-se e cada vez mais sejam conhecidas pelas gerações posteriores.