quarta-feira, 2 de abril de 2014
Sobre a conversa de duas mulheres, hoje, no ônibus e (ainda) o IPEA:
- Mulher, eu ainda não sei como eu tive coragem.
- De que?
- De descer, rapaz, foi um dia assim, no meio da semana.
- Ah, sim, que tu viu ele bebendo mais outra, né?
- E então. Tava olhando pela janela, o ônibus parou bem de frente, parecia que era pra eu ver mesmo. Eu comecei a tremer, mais assim mesmo eu fui. E ele lá, na maior, bebendo mais outra.
- E ela?
Nessa hora eu esperei que ela xingasse horrores "a outra", mas a resposta foi outra:
- Assim que me viu, disse: Tenho nada com ele não, fia. Eu tava de boa com meus amigos e ele me chamou pra beber, foi só.
Aí eu falei: esquente não, meu lance não é com você, você é solteira, o que eu tenho pra resolver é com ele.
- Sim, deu nele?
- Ainda vi um pau e pensei em pegar, mas deixei pra lá. Os caras começaram a agitar, disseram que iam dar uma lixa nele. Falei que não, peguei a chave do carro, deixei ele a pé, e avisei que não fosse mais lá em casa.
- Terminaram mesmo?
- Mulher, com três dias ele chega lá: Eaê?
Né brincadeira?
- Eaê uma porra! Volte pra casa da sua mãe.
E as duas desceram do ônibus.
-
Ah, e elas eram diaristas. Eu tenho lido por aí que a pesquisa do IPEA não deve ser vista com espanto, que ela representa a opinião de uma classe pouco escolarizada. As duas mulheres provaram que preconceito e violência contra a mulher são questões que devem ser analisadas levando em consideração fatores muito mais amplos.
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