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quarta-feira, 31 de março de 2010

50 anos de Renato Russo


Quem me conhece pelo menos um pouco sabe do meu apreço pelo rock da década de 80. Então, já que andei sumida, não vejo hora melhor para postar, que não seja em meio às comemorações do 50º aniversário de Renato Russo, integrante de uma das minhas bandas nacionais favoritas.
Não procuro levantar nenhum tipo de fanatismo (pra falar a verdade nem gosto do termo fã) ou certo apego ao passado, longe disso, sou só mais uma necessitada de música de qualidade, e que sofre para encontrar sons agradáveis (à cabeça e) aos ouvidos desde que bandas como a Legião Urbana pararam de produzir.
Talvez por que a impressão que tenho ao entrar em contato com nosso rock nos dias de hoje é de estagnação, falta de conteúdo, e, sobretudo de causa. Principalmente se pararmos pra analisar o histórico das produções musicais anteriores. No momento que antecede a aceitação e consequente consagração do rock oitentista estava a MPB e a Bossa Nova, carregadas de manifestações contra a opressão e a ditadura.
Após esse descontentamento, surgiram as primeiras bandas de rock, formadas por jovens que queriam dar uma nova "cara" à esse estilo no Brasil, que antes dependia de esporádicas apresentações de artistas internacionais como The Police e Van Halen.
Jovens como Cazuza, Gessinger e mesmo Renato, que faziam da música uma forma de expressão de suas concepções a cerca da fase em que viviam, seja ela de cunho social, político ou sentimental.
Percebia-se que as composições próprias tinham importância para tais artistas. Notamos no próprio Renato, uma grande facilidade em alcançar dimensões distintas. Basta, por exemplo, ouvir Vento no Litoral e Geração Coca-Cola, para perceber tais diferenças.
Talvez por que até aí o lance da música como produto e do ouvinte como mero "consumidor" ainda não estivesse tão escancarado. Por ser um estilo recente, a onda era se divertir. Compor, tocar, em meio à noitadas, bebidas, drogas e relações afetivas efêmeras. Assim,os artistas da época eram considerados representantes da juventude de sua geração.
Após a morte de Renato e outros artistas do momento, vimos surgir, no fim de 90 e começo de 2000, um novo panorama do rock no Brasil, representados por bandas como: Nx Zero, Fresno, Pitty, CPM 22, Hateen, Strike, entre outros. O pós-punk dava lugar ao Emocore. Com composições restritas à nostalgia do amor não correspondido, a produção começou a encontrar retorno num público também menor, de 10 à 18 anos.
Dentre as poucas bandas oitentistas que ainda estão na ativa nos dias de hoje, percebe-se que algumas, como Capital Inicial e o Frejat (em carreira solo), uma perda de identidade em consequência das exigências do mercado. A maioria, como os dois citados, prefere continuar regravando grandes hits do passado, já que é uma posição mais "confortável".
Outras, como IRA, Kid Abelha e Engenheiros do Hawaii decretaram uma pausa, antes de suscitarem virar couverts de si mesmos, como já falou o líder da última banda. Saindo da zona de conforto e acreditando que só tensa a corda vibra legal, Gessinger e Leindecker, líder da também em pausa Cidadão Quem, resolveram se juntar e ir em busca de um novo projeto, o Pouca Vogal.
Recordando agora uma entrevista dada por um artista de 80, concordo que "o maior sinal de respeito de um artista em relação ao seu público é não pensar nele quando cria. Não quero que os artistas dos quais eu gosto pensem em mim quando criam, que os políticos nos quais eu voto façam pesquisa pra saber como eu quero que eles falem e atuem. Quero que eles tenham uma visão e corram o risco de encontrar ou não quem se interesse por ela."
Era isso que eu sentia - e ainda sinto - cada vez que coloco uma música da Legião pra tocar. Renato, que nem era russo, e sim Manfredini Junior, compunha com total racionalidade do que estava passando, e mesmo com a possível chance de não fazer sentido para alguns, lá estava ele jogando toda a sua sinceridade no palco, mesmo como um Trovador Solitário.
Sinceridade e por que não personalidade, que parece estar cada vez mais escassa por aqui. Constato enquanto escrevo e ouço de fundo alguns cantores famosos, junto com a formação da Legião, tentando reproduzir alguns dos sucessos da banda como uma "homenagem" ao cantor que faria aniversário. Digo tentativa, por ter sido um fracasso. Seja pelos tons de vozes completamente opostos e desafinados, ou pela interpretação mecânica e nonsense de músicas tão conhecidas e adoradas, que falariam por si só.
Após tamanho fiasco, decido ficar por aqui, antes de começar a soar piegas e o tiro sair pela culatra feito o programa de Serginho Groisman. Antes, contento-me em dizer que Renato, com sua singularidade e talento, deixou uma imensa contribuição à nossa música. Ai de nós, em tempos de vazio como este, se não tivéssemos músicas e composições como as suas, para garantir a saúde dos ouvidos.
Ao Renato, os meus parabéns! :)

4 comentários:

  1. Normal essa paixão pelos anos 80.
    Quando me perguntam:
    Que tipo de música vc gosta?
    Eu sempreeee respondo:
    Rock Nacional dos anos 80.

    hehehe...

    Não sou muito chegada em Legião Urbana não, sabe?
    Mas tenho minhas paixões por Engenheiros, Ultrage a Rigor, Biquini Cavadão...

    Gostei do Post.

    Bjo

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  2. Muito bom o que vc escreveu Stéfany! Nao vou mentir, estou com ciumes... Nao escrevi nada sobre esse artista tao querido, mas tomo suas palavras como minhas, se eh que vc permite. :D Parabens pelo texto e PARABENS pro Renato!

    Beijo :*

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  3. \o escreve muito essa moça
    =] e sim, BRrock anos 80 rula
    Legião, Plebe Rude, Capital, Engenheiros, Paralamas, Titãs, Biquini, Nenhum de Nós, Barão Vermelho (cazuza, outro grande), Kid, Blitz.. e tantas...

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  4. Pô, muito legal teu blog, meus parabéns!

    Que bom que você gostou daquele texto, o meu blog é repleto de referências de HG/EngHaw mesmo. Fiquei curioso em saber como você chegou até ele...

    Valeu, e obrigado pelo comentário! :)

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