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sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Chuva de containers, entertainers no ar".




Big Brother Brasil. Rebolation. Carnaval. Ressaca do carnaval. Gaiola das Popozudas. Sorria, você está na Record. Plantão de Polícia. Quem deve deixar a casa? Vote agora! A fazenda. O Fuxico. Copa do mundo. Esquadrão da moda. Zorra Total. Casseta e Planeta. Gugu ou Faustão? NxZero. De volta pra minha terra. Swinga, Requebra, Samba Maceió.

Sabe aquela época lá do colégio em que você se sentia sufocado assistindo aula de química e torcia pra tocar logo pro intervalo? Então, parece que agora todos nós podemos pular essa parte chata e ir direto pro pátio, para a hora do recreio!
Não entendeu como? Super simples. Basta ligar a televisão ou outro meio de espaço midiático e observar o estilo de conteúdo ao qual estamos constantemente sendo bombardeados.
É o regime novo de alguma atriz, um cantor que está de casinho novo, a filha de um outro artista, que nem é do meio, mas já ganha condição de celebridade, ou mesmo o seu Zé da esquina que foi ferido num episodio violento, e ainda agoniza, enquanto as câmeras se voltam atentas para o seu corpo.
Por que a noticia é um show”, diz frequentemente um locutor de um programa de rádio AM. E baseados nesse espetáculo é que os meios de expressão da mídia resolvem agir. Programas e noticias que coloquem o expectador á par de seus direitos, são desconsiderados, porém o BBB, o rebolation e outros tantos dentre os citados acima, que nada nos acrescentam, chovem aos montes.
E digo isso por que me recordo da época em que o BBB ia ao ar; numa certa manhã, ligo a TV e me deparo com Ana Maria Braga e mais meia dúzia de famosos discutindo e analisando o perfil de cada participante do reality, e o rumo que este poderia tomar à medida que os jogadores fossem saindo. Custei a acreditar que em meio a tantas questões mais serias a serem discutidas, um programa dedicasse tanto tempo (e reflexão) a algo tão banal. Audiência...
Algumas semanas antes, logo após o carnaval, o Faustão trouxe o vocalista do Parangolé para ensinar a dançar o “Rebolation”, e perguntou a ele de onde surgiu inspiração para compor tal sucesso (parece até ironia), sim, o cara é compositor, e a inspiração veio quando ele assistia a vídeos no youtube. (Posso fazer uma lista de bandas que mereciam aquele horário para divulgação de seu trabalho).
Sem falar nas tragédias policialescas televiosionadas em pleno horário de almoço, em que são transmitidas conversas com o acusado diretamente na cela, filmagem de corpos recém - assassinados, além de entrevistas com os parentes ainda em choque que acabam de saber do acidente.
Após minutos de “tragédia” no ar, surge logo um merchandising, uma partida de futebol, ou o desenho animado, destinados a quebrar essa “tensão” e nos fazer voltar à passividade outra vez.
E assim, corremos o risco de ver a brutalidade ao nosso redor e achar que ela é mesmo mais um elemento do nosso cotidiano, por que já foi tão filmado que vira rotina, e perde o poder de chocar. Dessa forma, nos acostumamos a ouvir que um amigo foi assaltado e ao invés de questionar a (falta de) segurança pública, pedir que ele tome mais cuidado, por que o mundo... “Ah, o mundo é assim mesmo...”. A gente tende a cruzar os braços e não sair da posição de contemplador. Apenas comprando ingressos, matando a sede, sendo sedados, e quando o espetáculo acaba (nem dando o trabalho de levantar-se) pegar o controle e mudar de canal.