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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"São sempre as causas perdidas que mais emocionam"



Tenho me descoberto cada vez mais encantada com essa imprevisão e a falta de controle que tenho, e temos, enquanto seres humanos, em relação ao futuro. Isso de que por mais que a gente deseje algo, idealize, faça planos e até torça para que aconteça, mas não tem a menor certeza do que está por vir, cada vez me surpreende e tem me emocionado. Acho até que são os acontecimentos mais bonitos, os que nascem fruto dessa inabilidade em programá-los.

Em contrapartida,  acredito que estar ciente de seus desejos e objetivos, bem como ir ao seu encontro, é fundamental para que tenhamos a chance de atingi-los, e a partir daí, paciência, para que tudo conspire a favor. Comecei a escrever isso há umas semanas atrás, relativamente no mesmo período em que me aconteceram coisas tão inimaginaveis dentro do imaginavel, que me fizeram refletir ainda mais.

Creio que muitos saibam da minha admiração por Humberto Gessinger. Cantor, compositor, instrumentista e escritor. O próprio título do blog faz menção às músicas do Engenheiros do Hawaii, grupo liderado pelo músico e que agora está em pausa. É por causa dessa admiração declarada que eu fui para Recife no início de outubro, assistir ao show que ele faria, agora com o Pouca Vogal. Isso já era motivo suficiente para uma felicidade duradoura, mas, o que eu não esperava acontecer, era ter a chance de ver bem de perto este gaúcho tão querido.

É verdade que as coisas não foram tão lindas assim, e que eu tive de fazer algum esforço para conseguir passe livre até o camarim da “menor banda de rock gaúcho do Brasil”, mas é justamente por essa chance ter chegado, da forma meio atrapalhada, meio desplanejada, e, sobretudo, pela fé no imprevisivel, que torna o momento digno de fazer parte do meu retalho de recordações.

Gostaria de poder descrever aqui o que se sente quando momentos tão esperados, e por que não inesperados como este batem à sua porta, mas, até hoje, nas várias descrições que fiz, as várias pessoas que vieram me perguntar como consegui tal façanha, jamais conseguidescrever a sensação de estar de frente com aquele cara cuja ligação com você até então se dava pela presença da ausência. Só sei que eu tremia, e como tremia, enquanto abria um sorriso enorme, como se estivesse de fato, reencontrando pela primeira vez, um velho amigo.

Acho que posso apenas agradecer ao acaso, tempo ou destino, quem quer que seja o diretor desse infinito filme chamado vida, que definitivamente, ninguém sabe por onde anda. Decidi que eu to fora de previsões, por que mesmo que incomunicável, ele tem garantido os melhores finais. E que bom também que eu não fui até lá pra desistir no meio do caminho, pois numa noite em que até Luiz Gonzaga, no táxi que trouxe Humberto até aqui, lhe dava razão, lá fora Recife virou mesmo uma ilha. Neste fim de semana, pude reforçar a constatação: São mesmo as causas perdidas, as mais emocionantes.

Valeu, Gessinger! (E claro, Duca!)